3 de out. de 2012

Leituras e a vida: um texto saudosista



Sem falar só de dança por que nem só de dança vive a pessoa...falando um pouco sobre a saudade de alguns hábitos, cortesias que na época gostávamos de ficar observando e presenciando, como nossas mães e avós escrevendo cartas e enviando cartões...uma época em que não havia telefone fácil nem internet e o máximo que podia se fazer para uma notícia mais urgente era o telegrama.

Tempos mais difíceis? Talvez...mas mais encantada, cheia de pessoalidades, onde a estimada visita podia surgir de surpresa (por isso aquele apreço pela casa estar sempre impecável, afinal alguém poderia chegar a qualquer momento!) ou ainda bem preparada, com aviso prévio, dando tempo para as mulheres da casa fazerem doces gostosos sem a mínima pressa. E um bauzinho recheado de cartas guardadinhas. Que saudade!

Lembro da minha avó, quase analfabeta, mas sabia escrever cartas. Os homens da casa não cultivavam o hábito, a escrita era uma coisa de mulheres, a conversa delicada, ou afiada...os homens mandavam o abraço, o recado ou ditavam algum fato que a mulher talvez esquecesse de noticiar no meio de tantas palavras. Sem poucas frases, a carta só pode ser fêmea. No fim da linha, apertadinho, o beijo para todos, nos vemos no Natal (combinando de buscar na rodoviária na data do próximo mês)...

O tempo era brando conosco, e a infância demorava-se. Tudo era uma questão de etiqueta, o aprêço (escrevi de propósito, bem coloquial) era um costume distinto, sinal de respeito. Talvez hoje em dia algumas cancerianas e librianas consigam manter tal nível de exigência sem uma boa diarista.

Sinto o tempo correndo entre os dedos e a saudade cada vez mais presente. Preciso hoje colocar pressa nos meus filhos, acelerando uma infância bem diferente, mesmo jovens mães precisando lidar com questões cada vez mais novas, tendo uma grande experiência, porém insuficiente para dar conta de tantos eventos.

Agora percebo que mais triste do que acabar com as cartas tão atmosféricas e nostálgicas, é precisar correr para poder continuar a escrever aqui com tranquilidade. E corro para conseguir continuar o hábito de ler blogs e livros.

Para quem escreve, uma dica: escreva bonito, gostoso, escreva com deleite. Por que hoje em dia ninguém mais lê com prazer e tempo. 

Ninguém mais quer preliminares, mas todos sabem que elas fazem diferença nas grandes conquistas.

Sobre a nova regra ortográfica, um aviso: jamais escreverei certo outra vez, pois a maneira que escrevo não vem de regras gramaticais, vem de muita leitura boa. Prefiro escrever coloquial como Machado de Assis a assumir essa nova candidíase verbal que aprovaram.

Um grande beijo a quem ainda lê!!!

2 comentários:

Carine Würch disse...

Dai, amada! Estou contigo!!!!

Nas idéias (com acento!) e nas palavras!

Obrigada por voltar a ter este tempo para e para nós!

Bjos

Anônimo disse...

Tá massa agora, Dai!